O sagrado dissidente

Este livro é formado por obras de 20 artistas, essas obras partiram do eixo central do debate: dualidade sagrado versus profano. O objetivo foi apresentar uma concepção de mundo em que cabem a simpatia sincrética e o altar; a ideia do corpo profanado LGBTQIAPN+ e dos ícones mais elevados das imagens sacras; mas também a subversão de iconografias marginalizadas historicamente. Logo, as imagens de deusas, seres mágicos e corpos demonizados são apresentados com a aura sagrada, buscando romper com a regra hegemônica, transmitida historicamente pela dicotomia maniqueísta entre o bem e o mal. O acervo das mais de 80 obras parte das especificidades da fotoperformance/fotomontagens, vídeo-performance, gravuras, mosaico e esculturas que intentam fissurar o sistema normativo opressor, que opera como máquina de extermínio e traz à baila o respeito à pluralidade religiosa e, consequentemente, potencializa a voz dos excluídos e marginalizados socialmente. Decerto, a hibridização dessas vozes, dessas ações artísticas, permite constatar que esse trabalho faz aliança com outros corpos e possibilita que as obras se conectem pela crença, pela fé e pelos rituais representados nas imagens, mas também com a poderosa dissidência em ressignificar os corpos profanados historicamente na representação de diversas matrizes religiosas que nada mais é que uma invenção da colonialidade.